quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Descuidista de livros
Posted on 00:29 by MARCONI
Fábio Mozart
O jornalista Samarone Lima, cearense radicado no Recife, confessa em seu sítio (www.estuario.com.br) que já foi um ladrão de livros, quando estudante pobre na capital pernambucana. Conheci um descuidista de livros, fui até testemunha de um dos seus roubos na antiga Livraria do Luiz, em João Pessoa. O cínico pegou um livro, botou entre suas coisas e saiu na maior cara-de-pau. O nome do meliante: Frederico Guilherme de Araújo Lopes, meu colega ferroviário, ativista político, guerrilheiro do PCB. Hoje deve estar profissionalizado em um sindicato rural para os lados do Rio Grande do Norte. Virou esquerdista não de carteirinha, mas de carteira assinada. Burocratizou a revolução que sonhava.
Fred queria me iniciar na carreira de ladrão de livros, mas nunca tive coragem. O atrevido larápio de cultura, como se definia, roubava geralmente obras de filosofia e perfis de revolucionários. Não gostava de ficção. Aliás, sempre notei que meus amigos simpatizantes do comunismo e socialismo, desses obcecados, de uma devoção quase cega ao seu credo político, não apreciavam a poesia, o conto, o romance. Diziam que era pura abstração burguesa, perda de tempo. Meu compadre Fred me acusava de alienado porque eu gostava de ler Jorge Amado, vejam só! Logo Jorge, o cara que popularizou as ideias comunistas no Brasil.
Aqui pra nós e para o povo da rua: só uma vez tive que roubar um livro. Foi em Itabaiana. Eu era metido a desenhista e o padre da freguesia me escalou para pintar um painel enorme, sobre o dia do índio. Representei um índio e um negro quebrando correntes, obra que me custou dois dias de trabalho. No fim, o padre não me pagou nada e ainda me negou o resto da tinta. Para compensar a mesquinharia do sacerdote muquirana, levei um volume de sua biblioteca.
Samarone informa que deixou a vida de biblioclepto e agora é um semeador de cultura. Não acumula livros em casa. Conheço também um cara que só fica com livros de referência. É meu compadre Ivaldo Gomes, de João Pessoa. Um dia me fez até uma desfeita: pegou um livro meu, autografado, leu e passou adiante.
Agora vou ler “A menina que roubava livros”, do australiano Markus Zusak. Não sei do que se trata. Pelo título, deve ser algo sobre roubar livros, evidente! Mas o exemplar que tenho não foi roubado, veio no rol de livros doados para a biblioteca do Ponto de Cultura que fundaremos em Itabaiana. Depois eu conto.
E quem tiver livros para doar à biblioteca, entra em contato comigo: fabiomozar@yahoo.com.br
O jornalista Samarone Lima, cearense radicado no Recife, confessa em seu sítio (www.estuario.com.br) que já foi um ladrão de livros, quando estudante pobre na capital pernambucana. Conheci um descuidista de livros, fui até testemunha de um dos seus roubos na antiga Livraria do Luiz, em João Pessoa. O cínico pegou um livro, botou entre suas coisas e saiu na maior cara-de-pau. O nome do meliante: Frederico Guilherme de Araújo Lopes, meu colega ferroviário, ativista político, guerrilheiro do PCB. Hoje deve estar profissionalizado em um sindicato rural para os lados do Rio Grande do Norte. Virou esquerdista não de carteirinha, mas de carteira assinada. Burocratizou a revolução que sonhava.
Fred queria me iniciar na carreira de ladrão de livros, mas nunca tive coragem. O atrevido larápio de cultura, como se definia, roubava geralmente obras de filosofia e perfis de revolucionários. Não gostava de ficção. Aliás, sempre notei que meus amigos simpatizantes do comunismo e socialismo, desses obcecados, de uma devoção quase cega ao seu credo político, não apreciavam a poesia, o conto, o romance. Diziam que era pura abstração burguesa, perda de tempo. Meu compadre Fred me acusava de alienado porque eu gostava de ler Jorge Amado, vejam só! Logo Jorge, o cara que popularizou as ideias comunistas no Brasil.
Aqui pra nós e para o povo da rua: só uma vez tive que roubar um livro. Foi em Itabaiana. Eu era metido a desenhista e o padre da freguesia me escalou para pintar um painel enorme, sobre o dia do índio. Representei um índio e um negro quebrando correntes, obra que me custou dois dias de trabalho. No fim, o padre não me pagou nada e ainda me negou o resto da tinta. Para compensar a mesquinharia do sacerdote muquirana, levei um volume de sua biblioteca.
Samarone informa que deixou a vida de biblioclepto e agora é um semeador de cultura. Não acumula livros em casa. Conheço também um cara que só fica com livros de referência. É meu compadre Ivaldo Gomes, de João Pessoa. Um dia me fez até uma desfeita: pegou um livro meu, autografado, leu e passou adiante.
Agora vou ler “A menina que roubava livros”, do australiano Markus Zusak. Não sei do que se trata. Pelo título, deve ser algo sobre roubar livros, evidente! Mas o exemplar que tenho não foi roubado, veio no rol de livros doados para a biblioteca do Ponto de Cultura que fundaremos em Itabaiana. Depois eu conto.
E quem tiver livros para doar à biblioteca, entra em contato comigo: fabiomozar@yahoo.com.br