segunda-feira, 27 de abril de 2009

@ A FEIRA DE ITABAIANA.

A FEIRA DE ITABAIANA
FÁBIO MOZART

A feira nordestina não é um simples local de compra e venda de mercadorias; mais do que isto é o local privilegiado onde se desenvolve uma série de relações sociais.É um fenômeno muito importante na vida econômica e social do Nordeste brasileiro.
A feira que se realiza todas as terças-feiras na cidade de Itabaiana, Microrregião Agro-pastoril do Baixo Paraíba, Estado da Paraíba, Nordeste do Brasil, foi escolhida como objeto desta tese por ser bastante representativa do tipo de feira nordestina. Trata-se de uma feira com características peculiares e que vem sofrendo grandes modificações ultimamente. Surgida no século XIX como feira de gado foi
adquirindo novas funções, evoluindo até os dias hoje, mantendo sua importância na vida econômica e social da cidade e da região. A pesquisa baseou-se em fontes bibliográficas e em trabalhos de campo com levantamentos fotográficos e cartográficos, bem com, sobretudo, envolvendo inquéritos e entrevistas com feirantes e compradores. Foram abordados os seguintes aspectos no trabalho: O
processo de ocupação do espaço e a feira (A origem da feira de Itabaiana: a feira de
gado); a feira de Itabaiana na atualidade: sua estrutura, funcionamento e função;
circulação e transportes como fatores de transformação na feira (do jegue ao
mototáxi); a inserção do pequeno produtor e do ambulante na feira; a carne bovina
na feira de Itabaiana. Foram estudadas as permanências e mudanças nas últimas
décadas comparando-se dados de campo. Constatou-se que a feira de Itabaiana foi
perdendo suas características de feira camponesa típica do Nordeste tendendo a
transformar-se aparentemente em feira urbana, porém mantendo a sua essência.

(Introdução da tese de mestrado de um professor da USP. Quem se interessar pelo conteúdo desse documento, posso enviar pelo email)

TREM DA ALEGRIA EM MARI

Trem da alegria em Mari.
Não se trata de empreguismo nem conjunto musical infantil. O que quero falar é de trem mesmo, trem de ferro, porque nasci e cresci perto dos trilhos da estrada de ferro. Depois passei 25 anos de minha vida correndo atrás de trens, metido com locomotivas, trilhos e apitos. Na ferrovia fui auxiliar de chefe de estação, despachante, bilheteiro e rádio telegrafista, fazendo parte do elemento humano que punha em movimento este meio de transporte ferro-carril, de saudosa memória.

Essa conversa vem a propósito da passagem do dia do ferroviário, em 30 de abril. Como ferroviário aposentado, vai meu louvor ao trabalho e espírito de equipe desses profissionais.

Ao apagar das luzes dos trens de passageiros, um comboio saía de João Pessoa com destino a Guarabira em dias feriados, levando turistas nessa viagem extraordinária pelas planícies do brejo paraibano. Deu-se no recuado ano de 1995. Meu filho Arnaud Costa Neto, que hoje é músico profissional (não foi ferroviário porque o trem sumiu) escreveu uma crônica, publicada no Jornal Alvorada, que circulava em Mari:

“Era um trem diferente aquele. Diziam que era o trem do forró, outros que era o trem da praia. Na minha cabeça era mais que um trem, diferente daqueles que passavam todo dia na minha porta. Havia até passageiros esperando aquele trem de festa, trem de domingo, um trem meio doido e fora de hora. Diziam que no trem andavam músicos, pessoas alegres, bebendo. Esse trem deu até boato de quem o trem de passageiros iria voltar, para alegria minha e de todo mundo. Não ia não. Era um trem único, só naquele dia. Era um trem que, sem querer, trazia boas recordações para muita gente. Meu pai afirma que já foi bilheteiro de trem, na época em que a ferrovia transportava gente.

O trem-festa parte de Guarabira. Na estação de Mari, muita gente para viajar ou simplesmente para ver o bendito trem. Os passageiros vestiam bermudas, portavam sacolas com bebidas e outros apetrechos de piquenique. Menino a dar com o pau na estação. Lá vem o trem festivo. Como todo trem bandoleiro, esse trem atrasou. Disseram que foi uma parada no caminho, para os passageiros. Fazer pipi...

Finalmente o trem foi embora rumo a Cabedelo, às praias. Deixou uma pequena multidão na estaçãozinha, roendo-se de vontade de viajar no trem-bagunça. Um menininho muito sapeca, vizinho nosso, embarcou como clandestino. O trem em poucos minutos de parada, causou muita confusão. Um bêbado desceu do trem e ficou por aqui mesmo, perdido, procurando saber onde era a praia. Não tinha praia e ele se conformou com um boteco sujo aqui perto da estação.

O trem retornou à noite, já sem festa, mais atrasado, com as luzes apagadas, gente dormindo. Nos dias seguintes, haja gente procurando meu pai para comprar passagem para o trem-irresponsável. Fim de sonho: a ferrovia não iria mais alugar os vagões e locomotivas para esses trens fantasmas, carnavalescos. Atrasavam muito por causa do pipi dos passageiros e outros motivos próprios de uma festa. A ferrovia tinha mais o que fazer. Havia horário, prioridade para os cargueiros e tudo o mais. Alegria de pobre acaba cedo.

Mas aquele verão ficou marcado pelo trem-alegria. Aí eu pensei: se fosse rico, comprava um trem só para animar os verões do interior. Daí a gente podia esnobar: não temos praia, mas temos o trem. Eu pensei também que esse trem é muito maior do que parece. É um trem-carrocel que fez brilhar o coração de muita gente. Adultos, inclusive”.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

ITABAIANA E A REVOLUÇÃO DE 30

Itabaiana e a revolução de 30
“Onde começa a história de um povo? Em que túmulos, em que tumultos está ela oculta? O que está exposto à luz do sol, o que é subterrâneo? Qual a verdade dos textos didáticos? Qual o valor da cultura acadêmica, universitária, oficial? Qual a história mal contada, perdida, obscurecida? Quem faz a História? MARCOS FAERMAN

Itabaiana ficou marcada na História por ser uma cidade valente, de gente destemida. Aqui travaram-se muitas lutas políticas, desde os conflitos pela independência até a Revolução de 30. Nossa cidade foi a primeira na Paraíba a aderir ao levante de 1817. Os rebeldes decretaram a igualdade e o fim da escravidão, sofrendo as pesadas represálias de D. João VI.

Na revolução de 30, o caldo engrossou porque João Pessoa quis mudar hábitos arraigados na cultura paraibana de uma vez só, passando por cima de estruturas de poder influentes nas províncias.

Ao assumir o Governo, João Pessoa mandou desarmar os coronéis do interior, entre eles o famoso Manoel Borges, de Mogeiro. “Em fevereiro de 1929, chegou na capital um caminhão carregado de armas apreendidas nos municípios do interior, dos chefes políticos. Inúmeros fuzis, rifles, pistolas e milhares de cartuchos, além de algumas centenas de facas e punhais”, conforme narra Joaquim Moreira Caldas no livro Porque João Dantas Assassinou João Pessoa. O intuito era desmoralizar as lideranças políticas fiéis ao seu tio Epitácio Pessoa e criar uma imagem de estadista moderno, para se apresentar como novo líder, “abolindo práticas da vida social, provocando desagregação e ameaçando romper a vida da coletividade”, na visão do autor, que considerava João Pessoa um autêntico tirano.

Heráclito Cavalcante Carneiro Monteiro foi chefe político de Itabaiana até 1915, quando passou a exercer o cargo de Desembargador. Mas nunca deixou de ser influente no Município. Na revolução de 30, coube a ele um papel que muita gente desconhece: o de co-réu no assassinato do próprio João Pessoa.

Deu-se que João Pessoa passou a perseguir fiscais de renda, juízes, promotores e desembargadores que não liam pela sua cartilha. Prefeito ou administrador de mesa de renda que não fosse do seu esquema político, ele sapecava o “título” de ladrão e exonerava o sujeito, prendia e expulsava militares da Polícia e qualquer funcionário, desde um simples soldado de polícia a um Promotor Público.

No Tribunal de Justiça do Estado, João Pessoa mirou seu canhão devastador contra muitos desembargadores, entre eles Heráclito Cavalcante, decretando sua disponibilidade. Daí começou a pendenga.

João Dantas escreveu em 1928: “o novo Presidente continua a tocar o pau sem dó nem piedade em quase todos os municípios, isto é, nos chefões desses municípios. Não tem distinguido grande nem pequeno. Tem demitido todos os delegados que praticam violências e expulsado os soldados espancadores”. Era a confissão do futuro assassino de João Pessoa, de que admirava os novos métodos do governante. Depois, quando João Dantas viu os interesses de sua família sendo contrariados pelas ações governamentais, passou a ver em João Pessoa um arrogante perseguidor.

O chefão de Itabaiana, Heráclito Cavalcante, passou a agir na oposição ao Presidente João Pessoa. Morto João Pessoa, abriu-se o inquérito onde se conclui que “o criminoso não agiu sem a colaboração moral e intelectual de outros inimigos”. Foram presos e depois assassinados na prisão em Recife, João Dantas e seu cunhado Augusto Caldas, e denunciados Júlio Lyra, João Suassuna e Heráclito Cavalcante. Depois da morte de João Pessoa, seus adeptos queimaram a casa de Heráclito Cavalcante em Itabaiana e perseguiram seus familiares.

O Promotor Cândido Marinho, responsável pelo inquérito, envolveu todos na denúncia, por mais que João Dantas afirmasse que era o único responsável pela morte de João Pessoa. Ao final, entretanto, afirmava-se que era “negativa a prova dos autos em relação à co-participação de Heráclito Cavalcante no delito”.

terça-feira, 21 de abril de 2009

RÁDIO COMUNITÁRIA ZUMBI

Rádio Comunitária Zumbi inicia Projeto TERÇA DOC

Será no dia 28 de abril, às 20 horas, no Centro Comunitário do Geisel, o início do Projeto TERÇA DOC, que pretende mostrar bons documentários toda última terça-feira do mês. Para Fábio Mozart, um dos responsáveis pelo projeto, é uma opção der lazer cultural que a entidade coloca à disposição da comunidade, com sessões mensais de exibição de bons documentários e filmes que não são programados para o circuito comercial.
O projeto é uma maneira barata de alcançar um público que normalmente não tem acesso ao cinema, além de levar cultura e divulgar o cinema paraibano e nacional. “Contamos com técnicos e apoio da Associação Brasileira de Documentaristas e Núcleo de Projeção Digital da Paraíba”, informou Gilberto Júnior, da Rádio Zumbi. “Com poucos recursos materiais faremos a alegria e levaremos cultura a centenas de pessoas”, afirmou.
O primeiro documentária ser exibido serão os curta-metragens “1500 Circular”, e N.E.G.O., do videasta paraibano Chico Sales, que estará presente para uma breve palestra.

Em “1500 Circular”, o diretor percorre a cidade através da linha de ônibus 1500 Circular, que atravessa 23 bairros da capital, a exemplo de Mangabeira, Oitizeiro, Jaguaribe, Costa e Silva, Manaíra, Valentina e Geisel.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Classificados para a FEMPOP de Pombal

Artistas de Itabaiana classificam-se para festival de música

Os compositores Adeildo Vieira, Orlando Otávio e Fábio Mozart foram classificados entre os 24 artistas que participarão do “I Festival de Música Popular em Pombal” – FEMPOP – que acontecerá de 7 a 9 de maio próximo na cidade paraibana de Pombal. Trata-se de um grande encontro artístico envolvendo os mais diversos gêneros da música popular brasileira. O Festival tem o patrocínio do Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos – FIC – da Subsecretaria de Cultura do Estado da Paraíba.

O cantor e compositor Adeildo Vieira é itabaienense radicado em João Pessoa, considerado um ícone de referência no contexto paraibano de música. Ele defenderá a música “Alegria de Farol”. Orlando Otávio é poeta e compositor, reside em Itabaiana e concorre com “Carta ao mestre Sivuca”. Fábio Mozart teve seu poema “Canção do Desterro” musicado por Hugo Tavares, uma das obras classificadas.

O Festival é uma realização do produtor Luizinho Barbosa, e tem como objetivo estimular o talento dos compositores, autores e intérpretes da música regional, proporcionando o intercâmbio, a descoberta e a difusão de novos valores. As quatorze músicas classificadas na etapa final do Festival comporão um CD que será distribuído com os participantes.

www.itabaianahoje.blogspot.com

CIDADÃO ITABAIANENSE

Fábio Mozart

Cidadão itabaianense.

Vereadores de Itabaiana querem homenagear o velho Fábio Mozart, concedendo-me título de Cidadão Itabaianense. Dentro da minha simplicidade, acho isso desnecessário, bondade dos amigos que aumentam minhas qualidades, generosos que são.
Agradeço a comenda e o reconhecimento, dizendo que sempre tive indiscutível vocação para ser itabaianense. Vim ao mundo na bela cidade de Timbaúba, a Princesa da Serra, pela dedicação de dona Iraci e senhor Arnaud Costa, um casal genuinamente itabaianense. Com pouco mais de oito anos de idade, compareci à terra de Zé da Luz para ali morar até 1988 quando, por força de obrigações profissionais, fui viver na aprazível Mari. Nesses anos em que vivi em Itabaiana, senti-me grande com a grandeza dessa terra, com sua História e a dignidade do seu povo. Aprendi a amar esse pedaço de chão. Hoje, este título me concede a honra de ser formalmente o que há muito me considero de fato: um cidadão itabaianense.
Saindo da “Princesa da Serra” para ser súdito da “Rainha do Vale”, fui acolhido com carinho por essa outra Majestade que me abriu horizontes e me ensinou a dar meus primeiros passos rumo ao objetivo de ser um cidadão por inteiro, significando participar, assumir responsabilidades, envolver-se com os problemas da cidade, entendendo que somos os únicos responsáveis pela vida que temos hoje, pela preservação do passado e pelo futuro que vamos deixar para nossos filhos e netos.
Guardo com muito carinho em minhas lembranças as imagens das ruas onde morei, das pessoas com quem convivi, das minhas professoras, dos amigos e momentos importantes que vivi nessa Itabaiana velha de guerra. Fui contemporâneo de figuras que marcaram a grandeza desse povo, de espírito inconformista, inovador e criativo.
Obrigado Itabaiana, por ter aberto os braços e me aceitado como membro da família, embora considere que nossa Pátria é o mundo inteiro, nossa Lei é a liberdade, conforme a canção anarquista de fins do século XIX, do italiano Pietro Gori. Se hoje estou orgulhoso em ser cidadão honorário de Itabaiana, sinto-me igualmente honrado por ter contribuído, um mínimo que seja, para o desenvolvimento cultural e artístico da terra de Zé da Luz. Aonde piso, gosto de semear o gosto pela cultura. Em Itabaiana, fundei associações culturais, teatros, bibliotecas e jornais. Confesso que fiz muitas coisas boas e errei bastante. Enfrentei paradas duras. Fui detido algumas vezes: por escrever crônica ofensiva aos donos do poder e por apresentar espetáculo teatral contestador, na época da ditadura. E recentemente fui preso por operar rádio comunitária sem licença do governo. Crimes de opinião, delitos políticos dos quais me orgulho. É como diz o compadre Marcos Veloso, um que foi preso comigo por procurar democratizar a comunicação: “podem me prender, chamem a S.W.A.T., o FBI ou até o sargento Garcia, mas vou continuar nessa luta, pois o que está em jogo não é simplesmente a voz que vai ao ar, mas sim, a transformação política que ela causa no indivíduo que se torna o protagonista de um veículo de comunicação, um exercício pleno de liberdade”.
Mas isso é outra história, que conto no meu livro “Democracia no Ar”. Hoje, com a responsabilidade de cidadão honorário de Itabaiana, acho-me no direito de exigir mais, de cobrar mais consideração para com essa terra. Minha cidadania é bem maior do que eu. A cidadania é o fruto nobre da democracia, que se fortalece quando o cidadão tem consciência dos seus direitos e deveres. O dono da cidade é o cidadão. Vamos à luta, para que o futuro de nossos filhos seja próspero e que todos tenham uma vida digna.


sábado, 18 de abril de 2009

Crônica "Sonho de Feliz Cidade",

João Pessoa é minha casa
Fábio Mozart
João Pessoa era apenas uma imagem de cidade grande aos olhos de um menino, cheia de mistérios emaranhados entre velhos sobrados e rios mansos, o desconhecido de uma cidade exótica, ao mesmo tempo aristocrática e primitiva. Guardo a constituição daquelas imagens antigas, resgatadas sempre que puxo o filme dos meus primeiros anos, um encontro sedutor e desafiante. A cidade deixando-se descobrir na distância e no desconhecido, o menino germinando a fascinação pela urbe provinciana que aos seus olhos parecia a grande metrópole berço do desconhecido.
Essa distância íntima viajava no velho jipe do meu pai, fazendo o percurso Itabaiana-João Pessoa nas esburacadas estradas dos anos 70, uma viagem que não chegava nunca, que voltava eternamente ao desconhecido, como um calidoscópio vertiginoso, produzindo um número infinito de combinações que mergulhavam nas retraídas águas do Sanhauá. Desmistificada anos depois, João Pessoa veio a me propor novos modos de percepção estética. Mas não deixei para trás a cidade dos sonhos, elevada e comoventemente poética. Esse ambiente quase mítico ainda mora em mim, quem sabe uma resposta ao impacto alienante da vida moderna, da desumanização, do crescimento desordenado. O espaço urbano limpo, o silêncio e a simplicidade das pequenas aglomerações urbanas, o retrato imaginário que ainda hoje carrego comigo, foto 3x4 do meu mundo dos sonhos, o sublime das imagens de antigas igrejas, velhos faustos, vetustas riquezas.
Assim eu me deixei envolver por João Pessoa, e esse namoro infantil se estendeu à vida adulta. Quarenta anos depois, volto aqui para morar definitivamente, no bucólico bairro de Jaguaribe, ganhando o estatuto de cidadão pessoense por força de exercitar o timbre, a cadência e o ritmo dessa urbe, e de saborear sua qualidade de vida.
Aquele vulto arcaico de poeta escrevendo a epopéia de João Pessoa teve que se distanciar dos assuntos grandiosos e heróicos e aproximar-se do fato sangrento referente à Revolução de 30, apontando ainda as dores, sofrimentos, sonhos e agonias da cidade contemporânea, mas sem esquecer o que provém da história no que há de mais profundo nela.
Houve um recuo brutal no nosso estilo de vida. Um amigo afirmou que o único prodígio de João Pessoa é haver chegado tão longe com uma classe dirigente tão ruim. Isso pode se aplicar também ao Brasil, e é uma longa e constante preocupação dos que verdadeiramente amam esta cidade. É assustador o desnível social, a precariedade da saúde e da educação. Em meio a isso, ainda bem que temos a ação fecundante, purificadora e iluminadora de homens como o livreiro Heriberto Coelho, o compositor Fuba, o comunicador Cardivando de Oliveira e tantos outros homens e mulheres que simbolizam o intelecto e a consciência desta velha cidade, em sua forma evolutiva.
João Pessoa pertence a uma linhagem nobre das cidades brasileiras, e isso nem seus mais afoitos inimigos podem desdenhar. O Sebo Cultural anuncia concurso literário sobre aspectos relacionados à cidade de João Pessoa, como uma forma de homenagem à capital paraibana. Mário Quintana já dizia que preferia ser alvo de um atentado do que de uma homenagem: o atentado é mais expedito e não tem discurso. Mas não tem jeito: vai aqui meu discurso sobre essa cidade, porque falar é emergir paixão.
Hoje, João Pessoa é minha casa. Na casa da gente, é onde acendemos o fogo, simbolizando esse lume a purificação e a regenerescência. Na nossa casa, queremos ordem, paz, respeito, beleza e espiritualidade. Da nossa casa observamos os vizinhos, na ânsia da mais feérica conversação cosmopolita. Porém, sem perder a ponte com o interior, um interior que se abre generoso para a exuberância da nossa mais autêntica paraibanidade.
(Crônica publicada na coletânea “Sonho de Feliz Cidade”, lançada pelo Sebo Cultural em 14 de dezembro de 2007)

FÁBIO MOZART

Fábio Mozart, nascido em Timbaúba, Pernambuco, em 25 de Outubro de 1955, radicado em Itabaiana desde a década de 60.
Participou da fundação da Sociedade Cultural Poeta Zé da Luz e Sociedade Amigos do vale do Paraíba, além do Grupo Experimental de Teatro de Itabaiana. Editou os jornais alvorada e Alquimia do verbo. “Ainda como jornalista profissional, colaborou n” A Folha, de Itabaiana, Umari Notícias, de Mari, a Folha de Sapé e Tribuna de Mogeiro.
Fundador e editor da Tribuna do Vale, mensário que circula nas cidades do vale do rio Paraíba, Pertenceu ao corpo redacional do Monitor Maçônico e foi reporte do jornal o Norte, de João Pessoa, na década de 70.
Procurou contribuir para a defesa de sua classe profissional, tendo fundado o Sindicato dos Trabalhadores Ferroviários de Estado da Paraíba.
Publicou os livros Lira Desvairada (1985), Pátria Armada (1998), Democracia no Ar – Histórias de Lutas pela Democratização das Comunidades na Paraíba (2004), e Manoel Xudu, o Príncipe dos Poetas Repentistas (2006).
Seu último livro publicado, História de Itabaiana em versos e algumas crônicas “reais” Além de contar a historia da nossa cidade em versos, trás belíssimas fotos do passado.


CAPA DO LIVRO DE FÁBIO MOZART. RECOMENDO.