quarta-feira, 17 de junho de 2009
FÁBIO MOZART / Xico Sá e as bundas secas.
Posted on 05:57 by MARCONI
Xico Sá e as bundas secas.
Fábio Mozart
Xico Sá é jornalista e escritor. Inscreveu-se na cruzada em defesa das bundas grandes, esse “latifúndio dorsal” em extinção devido ao modismo das mulheres que agora só pensam em malhar nas academias e passar fome para ter um corpinho de bailarina, um ideal de beleza padrão Gisele, aquela que parece um vara-pau da bunda seca.
Xico escreveu uma carta ao sociólogo Gilberto Freyre, reclamando de outro modismo em larga escala entre o mulherio, principalmente entre aquelas chamadas da “meia-idade”. Isso porque Gilberto Freyre foi o maior divulgador da beleza morena da brasileira. Só que agora toda mulher só quer ser loira. Ele lembra Sonia Braga e outras morenas que viravam as cabeças (ambas) dos homens em tempos idos e vividos. Agora a moda é alisar os cabelos e pintar de loiro.
Gilberto Freyre, do lugar onde está comendo sua rapadura e tomando seu suco de pitanga, deve estar imaginando o que diabo vem a ser “chapinha”, instrumento desconhecido nas casas grandes e senzalas. Ele que escreveu o livro “Modos de homem & Modas de mulher”, em 1986, sabe muito bem que o saboroso eram as carnes macias, boas de se apalpar, das fofinhas de antigamente. Nossa geração foi sentimentalmente educada para apreciar as fofinhas. De repente, a indústria da moda transformou as mulheres em massas musculosas de zagueiro central. Bundas duras, corpos musculosos. Por isso, a campanha de Xico Sá pela volta da fartura da bunda.
Esse camarada admirador das roliças formas femininas apela ainda ao sociólogo do Apipucos que por favor psicografe um manifesto, um panfleto em favor da volta das morenas e fofinhas “para evitar a catástrofe definitiva”. Para ele, as cheinhas ou desapareceram ou estão meio desgostosas.
De minha parte, coloco um adendo à melancólica carta de Xico Sá, aquele que se diz apreciador de uma bela bunda, “uma jambo-girl”. Diria ao mestre de Apipucos que a involução das modas de mulher também se dá no quesito respeito. Hoje as jovens mulheres se deliciam nas praças, cantando e dançando ao som de músicas que as chamam de putas, cachorras, safadas e raparigas. Essas músicas falam de como se deve bater e humilhar as mulheres. São as bandas de duplo sentido e de apelo sexual fazendo a cabeça da juventude e moldando-lhe o gosto musical da pior forma possível. Isso também é trágico.
Xico escreveu uma carta ao sociólogo Gilberto Freyre, reclamando de outro modismo em larga escala entre o mulherio, principalmente entre aquelas chamadas da “meia-idade”. Isso porque Gilberto Freyre foi o maior divulgador da beleza morena da brasileira. Só que agora toda mulher só quer ser loira. Ele lembra Sonia Braga e outras morenas que viravam as cabeças (ambas) dos homens em tempos idos e vividos. Agora a moda é alisar os cabelos e pintar de loiro.
Gilberto Freyre, do lugar onde está comendo sua rapadura e tomando seu suco de pitanga, deve estar imaginando o que diabo vem a ser “chapinha”, instrumento desconhecido nas casas grandes e senzalas. Ele que escreveu o livro “Modos de homem & Modas de mulher”, em 1986, sabe muito bem que o saboroso eram as carnes macias, boas de se apalpar, das fofinhas de antigamente. Nossa geração foi sentimentalmente educada para apreciar as fofinhas. De repente, a indústria da moda transformou as mulheres em massas musculosas de zagueiro central. Bundas duras, corpos musculosos. Por isso, a campanha de Xico Sá pela volta da fartura da bunda.
Esse camarada admirador das roliças formas femininas apela ainda ao sociólogo do Apipucos que por favor psicografe um manifesto, um panfleto em favor da volta das morenas e fofinhas “para evitar a catástrofe definitiva”. Para ele, as cheinhas ou desapareceram ou estão meio desgostosas.
De minha parte, coloco um adendo à melancólica carta de Xico Sá, aquele que se diz apreciador de uma bela bunda, “uma jambo-girl”. Diria ao mestre de Apipucos que a involução das modas de mulher também se dá no quesito respeito. Hoje as jovens mulheres se deliciam nas praças, cantando e dançando ao som de músicas que as chamam de putas, cachorras, safadas e raparigas. Essas músicas falam de como se deve bater e humilhar as mulheres. São as bandas de duplo sentido e de apelo sexual fazendo a cabeça da juventude e moldando-lhe o gosto musical da pior forma possível. Isso também é trágico.