terça-feira, 23 de junho de 2009
Fábio Mozart / O caráter do meu povo.
Posted on 07:18 by MARCONI
O caráter do meu povo.
Fábio Mozart
O tempo passa e minha terra não muda nada. Itabaiana é uma cidade fofoqueira, preguiçosa e conservadora. Mas espere! Não falo mal da minha cidade adotiva, apenas tento fazer uma reflexão a respeito do espírito itabaianense que, como todo lugar, tem seus méritos e suas mazelas. Os méritos, deixo-os com os ufanistas. Falo da parte ruim da minha “Rainha”, cujo povo é insensato, relaxado e com tendências à ingratidão. Apesar disso, conheço muitos itabaianenses, sensíveis e de bom caráter!
A nossa falta de cultura, nossos índices indecentes de desenvolvimento humano não apagam nossas singelas virtudes, o encanto pela terra que todo visitante experimenta. O filósofo francês Lèvi Straus disse que as cidades brasileiras entravam em decadência sem ter conhecido o apogeu. Itabaiana é diferente. Na década de 20, acreditem, tínhamos bonde, energia (primeiro do que na capital), e uma vida urbana avançada. Itabaiana chegou a manter um jornal diário. Os barões do gado acendiam seus charutos com notas de cem mil réis nos cabarés da cidade, ao som das melhores orquestras e na companhia das mais deslumbrantes damas da noite, bebendo legítima champanhe francesa.
O dinheiro deixou de circular, o antigo fausto deu lugar à decadência, e hoje somos o que a história e a realidade nordestina nos fez: indolentes e antiquados, belos e generosos, subdesenvolvidos e espirituosos. Dizem que a memória do brasileiro não resiste a uma boa noite de sono. Mas é hora de tentarmos recordar nossa História, emocionante e trágica, bela e heróica. Dá pena sentir a atmosfera vaga e imprecisa de uma “rainha” que um dia foi heroína. Em alguns pontos, talvez no essencial, continua a mesma Itabaiana encantadora que Zé da Luz cantou nos seus mais belos poemas.
O jovem itabaianense de hoje precisa estudar a História da terra, para melhor valorizá-la e, quem sabe, adquirir mais confiança, energia e vontade de honrar seus antepassados na luta por causas como direitos civis e melhoria de vida em sua comunidade, compartilhando uma identidade com os homens e mulheres que escreveram a glória do nosso passado até com o sangue heróico, para poder encarar nossa Rainha com orgulho, no que ela tem de pior e de melhor. Esses sentimentos só podem brotar pelo estudo de nosso passado. Só se ama o que se conhece.
A nossa falta de cultura, nossos índices indecentes de desenvolvimento humano não apagam nossas singelas virtudes, o encanto pela terra que todo visitante experimenta. O filósofo francês Lèvi Straus disse que as cidades brasileiras entravam em decadência sem ter conhecido o apogeu. Itabaiana é diferente. Na década de 20, acreditem, tínhamos bonde, energia (primeiro do que na capital), e uma vida urbana avançada. Itabaiana chegou a manter um jornal diário. Os barões do gado acendiam seus charutos com notas de cem mil réis nos cabarés da cidade, ao som das melhores orquestras e na companhia das mais deslumbrantes damas da noite, bebendo legítima champanhe francesa.
O dinheiro deixou de circular, o antigo fausto deu lugar à decadência, e hoje somos o que a história e a realidade nordestina nos fez: indolentes e antiquados, belos e generosos, subdesenvolvidos e espirituosos. Dizem que a memória do brasileiro não resiste a uma boa noite de sono. Mas é hora de tentarmos recordar nossa História, emocionante e trágica, bela e heróica. Dá pena sentir a atmosfera vaga e imprecisa de uma “rainha” que um dia foi heroína. Em alguns pontos, talvez no essencial, continua a mesma Itabaiana encantadora que Zé da Luz cantou nos seus mais belos poemas.
O jovem itabaianense de hoje precisa estudar a História da terra, para melhor valorizá-la e, quem sabe, adquirir mais confiança, energia e vontade de honrar seus antepassados na luta por causas como direitos civis e melhoria de vida em sua comunidade, compartilhando uma identidade com os homens e mulheres que escreveram a glória do nosso passado até com o sangue heróico, para poder encarar nossa Rainha com orgulho, no que ela tem de pior e de melhor. Esses sentimentos só podem brotar pelo estudo de nosso passado. Só se ama o que se conhece.