segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Fábio Mozart = ENGENHEIRO DESTRUIU PARTE DA HISTÓRIA DE SAPÉ.
Posted on 02:13 by MARCONI

Foi no começo dos anos setenta que um engenheiro da antiga Rede Ferroviária Federal de nome Edmur Roque de Arruda resolveu demolir a estação de Sapé. O prefeito José Feliciano não se importou em autorizar a barbárie, permitindo botar abaixo aquele prédio de valor patrimonial-histórico inestimável. Hoje, a velha estação ferroviária de Sapé vive apenas na memória dos mais antigos moradores do lugar, ou nos registros fotográficos raríssimos, como a foto que publicamos no blog.
Na época, não sei se vozes discordantes lutaram para manter pelo menos a fachada do edifício, causando algum entrave à decisão irracional do engenheiro e do prefeito. Isso é de se pesquisar nos jornais daqueles tempos. A demolição deu lugar a um pátio onde foi construído quiosque para reunir a juventude em torno de bebida alcoólica e música de péssima qualidade. Nada de um projeto cultural que, pelo menos, amenizasse a destruição do prédio histórico. Na cidade de Mari, fui o último chefe da estação antes da privatização da Rede Ferroviária e consequente desativação do trecho Paraíba/Rio Grande do Norte. O estilo ditatorial do engenheiro Edmur já não pontificava na empresa. Aposentado, ele não conseguiu terminar a “obra” de demolir as outras estações do trecho. Lutei muito para que a estação de Mari fosse preservada. Por falta de políticas públicas de cultura, a ONG Sociedade Cultural Poeta Zé da Luz assumiu o prédio, onde funciona uma biblioteca e uma rádio comunitária. Em vez de destruir o passado, a própria sociedade mariense cumpriu a função de dar respostas a esse problema, restaurando a dignidade do seu edifício histórico, marco da colonização do Município.
Portanto, no placar da eterna rivalidade entre Mari e Sapé, marcamos esse tento. Sapé condenou sua velha estação, reduzindo-a em um monte de entulhos, sem manifestações em contrário de pessoas e instituições. Aqui, dissemos não à demolição de nossa história, recuperando nossa estação e dando dignidade ao prédio com um projeto cultural tão útil à sociedade mariense.
Vale refletir sobre uma política de reabilitação e restauração das nossas estações ferroviárias que ainda se mantêm em pé, como no sítio Entroncamento, município de Espírito Santo. Em Itabaiana, nossa velha estação foi descaracterizada e vendida a particulares. É chover no molhado ressaltar a importância histórica daquele edifício para o município, uma referência em nossa cidade. Recentemente, soube que a Prefeitura está cuidando de tombar o prédio onde funciona a Maçonaria para abrigar um museu ou memorial de Sivuca. Boa iniciativa. O edifício serviu a uma escola que marcou época nos anos 20, onde estudou José Lins do Rego. Sua arquitetura demonstra o sentimento de grandeza e fausto de nossa elite naqueles recuados anos.