terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Seleiros de Itabaiana
Posted on 05:43 by MARCONI
Fábio Mozart
Recebi mensagem do ator Buda Lira, de João Pessoa, nos seguintes termos: “é uma alegria, vocês nem imaginam, o passeio que acabo de fazer neste blog do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. Saber que pulsa forte uma experiência com vontade de manter viva a tradição cultural de Itabaiana. Visitei em 1982 um seleiro (não lembro o nome) aí em Itabaiana para compor o Mestre Amaro (Fogo Morto) da peça Papa-Rabo. Vocês têm notícias desse artesão?”
Seleiro é o cara que faz selas para cavalos. Aqui tivemos o maior polo de comercialização de cavalos e bois da Paraíba, daí a tradição nesse artesanato. Conheci grandes seleiros, quase todos já falecidos, a exemplo de Clovis Almeida, Daciano Alves de Lima, Zé de Nana, Dudu e João Seleiro.
O jornalista Hilton Gouveia publicou no jornal A União um artigo que fala de nossa tradição coureira. Itabaiana era chamada a Meca do Couro. Couros de bois e bodes que vinham do alto sertão, aqui encontravam a morte. Deles se tirava a pele in natura, que depois era salgada e curtida. Beneficiada, essa pele ganhava o mundo para virar bolsas, sapatos, chapéus e cinturões. Luiz Gonzaga não dispensava um chapéu de couro legítimo de Itabaiana. Sivuca não usava chapéu de couro, mas para homenagear Itabaiana, usava cinturão com o couro de sua terrinha amada. Depois veio o sintético, e a era do couro decaiu. Com ela, Itabaiana abateu-se economicamente. Hoje é uma cidade que perde população. A cada dia, mais e mais itabaianenses saem de seu torrão natal em busca de sobrevivência. Do couro só restou a tradição, as lembranças. O Curtume Nossa Senhora da Conceição já trabalhou com mais de 200 empregados. Hoje está extinto.
No passado, grandes curtumes de Itabaiana forneciam couro para fábricas de sapato em Timbaúba e Caruaru, exportando para Rio Grande do Sul, Ceará, São Paulo, Bolívia, Portugal e Alemanha. O couro de Itabaiana tinha fama internacional. Hilton afirma: “Conta-se que o agroindustrial Aguinaldo Veloso Borges, na época, dono do maior rebanho bovino da Várzea do Paraíba, dizia que a diferença do couro de Itabaiana estava no pasto que os bois comiam em Pilar, o município vizinho, onde Veloso dispunha de fazendas de criação de gado Nelore. Além dos couros que saíam do rebanho de Veloso, Itabaiana concentrava a venda de couros procedentes do Brejo, Cariri e Curimataú.”
Em Itabaiana, curtia-se couro bovino e caprino. O couro de bodes era usado em larga escala pelos diversos sapateiros e fabricantes de calçados autônomos que existiam na cidade. Diz-se, até, que Itabaiana tem o período do couro e o período após o couro. Timbaúba rivalizava com Itabaiana na produção de couros e seus artefatos. Hoje, Itabaiana subsiste decadente, e de Timbaúba só recebemos eleitores clandestinos para votar em político ruim.
Recebi mensagem do ator Buda Lira, de João Pessoa, nos seguintes termos: “é uma alegria, vocês nem imaginam, o passeio que acabo de fazer neste blog do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar. Saber que pulsa forte uma experiência com vontade de manter viva a tradição cultural de Itabaiana. Visitei em 1982 um seleiro (não lembro o nome) aí em Itabaiana para compor o Mestre Amaro (Fogo Morto) da peça Papa-Rabo. Vocês têm notícias desse artesão?”
Seleiro é o cara que faz selas para cavalos. Aqui tivemos o maior polo de comercialização de cavalos e bois da Paraíba, daí a tradição nesse artesanato. Conheci grandes seleiros, quase todos já falecidos, a exemplo de Clovis Almeida, Daciano Alves de Lima, Zé de Nana, Dudu e João Seleiro.
O jornalista Hilton Gouveia publicou no jornal A União um artigo que fala de nossa tradição coureira. Itabaiana era chamada a Meca do Couro. Couros de bois e bodes que vinham do alto sertão, aqui encontravam a morte. Deles se tirava a pele in natura, que depois era salgada e curtida. Beneficiada, essa pele ganhava o mundo para virar bolsas, sapatos, chapéus e cinturões. Luiz Gonzaga não dispensava um chapéu de couro legítimo de Itabaiana. Sivuca não usava chapéu de couro, mas para homenagear Itabaiana, usava cinturão com o couro de sua terrinha amada. Depois veio o sintético, e a era do couro decaiu. Com ela, Itabaiana abateu-se economicamente. Hoje é uma cidade que perde população. A cada dia, mais e mais itabaianenses saem de seu torrão natal em busca de sobrevivência. Do couro só restou a tradição, as lembranças. O Curtume Nossa Senhora da Conceição já trabalhou com mais de 200 empregados. Hoje está extinto.
No passado, grandes curtumes de Itabaiana forneciam couro para fábricas de sapato em Timbaúba e Caruaru, exportando para Rio Grande do Sul, Ceará, São Paulo, Bolívia, Portugal e Alemanha. O couro de Itabaiana tinha fama internacional. Hilton afirma: “Conta-se que o agroindustrial Aguinaldo Veloso Borges, na época, dono do maior rebanho bovino da Várzea do Paraíba, dizia que a diferença do couro de Itabaiana estava no pasto que os bois comiam em Pilar, o município vizinho, onde Veloso dispunha de fazendas de criação de gado Nelore. Além dos couros que saíam do rebanho de Veloso, Itabaiana concentrava a venda de couros procedentes do Brejo, Cariri e Curimataú.”
Em Itabaiana, curtia-se couro bovino e caprino. O couro de bodes era usado em larga escala pelos diversos sapateiros e fabricantes de calçados autônomos que existiam na cidade. Diz-se, até, que Itabaiana tem o período do couro e o período após o couro. Timbaúba rivalizava com Itabaiana na produção de couros e seus artefatos. Hoje, Itabaiana subsiste decadente, e de Timbaúba só recebemos eleitores clandestinos para votar em político ruim.